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VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA

Atualizado: 29 de jul. de 2020

Após cinco anos de graduação em Psicologia é uma delícia poder escrever livremente sobre assuntos do meu interesse. Para este primeiro post escolhi falar sobre a Violência Obstétrica (VO), assunto que eu não conhecia até entrar na faculdade e pesquisar sobre as experiencias de parto de mulheres na internet, observei que várias delas mencionavam ter sofrido violências específicas, foi então que mergulhei de cabeça nesse universo feminino do "parir" e busquei informações para entender o que era a tal VO. Fui pesquisar sobre esse assunto em artigos científicos e vi que pouco se falava desse assunto a partir da ótica da Psicologia, pouco encontrei sobre as repercussões emocionais nas mulheres que sofreram essa violência e a minha curiosidade acendeu esse alerta, afinal o que acontece com as mulheres que sofreram essa violência no aspecto emocional? Foi então que decidi fazer meu Trabalho de Iniciação Científica (o famoso TCC) com este tema, a VO. A pesquisa está em processo de publicação, assim que publicada eu volto aqui para informar.

Mas Afinal o que é a Violência Obstétrica?


A VO é um conjunto de violências que a mulher pode sofrer durante a gestação, parto, período de puerpério (os 40 dias após o parto) e processo de abortagem. Essas violências podem ser físicas, verbais, psicológicas, simbólicas e/ou sexuais.

VO física: realização de episiotomia rotineira (episiotomia é um corte feito no períneo da mulher, no intuito de ampliar a passagem do bebê pela vagina); realização da manobra de Kristeller (um profissional empurra com seu braço a barriga da mulher) esta manobra é proibida atualmente, pois ela pode comprometer o útero, quebrar costelas, entre outros traumas físicos; agressões em geral como tapas, empurrões, etc; impedir que a mulher se movimento (litotomia); impedir que a mulher utilize o banheiro; impedir que a mulher se alimente; entre outras.

A Violência verbal e psicológica andam próximas e podem ser: repreensões por meio dos profissionais de saúde impedindo a mulher de expressar sua dor (gritar); ameaçar a mulher de que não prestaram o devido atendimento a parturiente que está gritando, chorando, solicitando auxílio, etc.; humilhar a mulher que está em trabalho de parto, expondo deu corpo de maneira desnecessária, se referindo a ela de forma pejorativa (por ex. aquela escandalosa do leito 2); entre outras. Estas violências verbais são as maios conhecidas, "cala a boca, para de gritar", "na hora de fazer não estava ruim desse jeito né!", "não adianta chorar, ano que vem você está aqui de novo"...

A gestante tem direito a ser informada sobre os procedimentos que serão realizados, inclusive se ela permite ou não algum deles, como a utilização de ocitocina, o famoso "sorinho" para agilizar o trabalho de parto.

A violência sexual pode ser considerada a realização rotineira da episiotomia, pois as consequências desse procedimento desnecessário podem ser amplas, a realização de exames desnecessários como o toque pode ser desconfortável e doloroso se caracterizando VO também. Esse tipo de VO é pouco falado, pois seus aspectos são percebidos posteriormente pela mulher, muitas vezes as consequências dessa violência são observadas quando a mulher volta a ter relações sexuais.

Outro dado interessante sobre a VO é que ela ocorre com maior frequencia com mulheres com menor poder aquisitivo, petas, jovens e com pouco acesso a informação. Sim a informação sobre os direitos da gestante e o que é ou não VO faz toda a diferença. A presença de um acompanhante também faz com que a probabilidade de sofrer VO diminua significativamente.

É importante destacar que a pratica da VO é proibida por lei (17.097) e ela pode e deve ser denunciada pelos canais de comunicação do hospital ou unidade de saúde onde a VO ocorreu, pelo número 136 (disque saúde), 180 (central de atendimento a mulher) e também pelo www.cidadao.mpf.mp.br Sua denuncia é muito importante, pois é através dela que os órgãos responsáveis conseguem monitorar e coibir a VO.


Fontes:

Tesser, C. D. et al (2015). Violência obstétrica e prevenção quaternária: o que é e o que fazer. Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, 10(35), 1-12.


Souza, K. J. (2014). Violência institucional na atenção obstétrica: proposta de modelo preditivo para depressão pós-parto (Dissertação de Mestrado em Saúde Coletiva). Universidade de Brasília, Brasília, 2014. Disponível em: < http://repositorio.unb.br/handle/10482/17225>. Acesso em: 13 maio 2019.


Souza, A. C. A., & Valente, M. B. B. (2016). Violência obstétrica: um desafio para Psicologia. REVISTA HUM@NAE, 10 (1).


Progianti, J. M., Araujo, L. M., & Mouta, R. J. O (2008). Repercussões da Episiotomia sobre a Sexualidade. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem (Rio de Janeiro), 12 (1), 45-49. Disponível em: <http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=127715312007>. Acesso em: 13 maio 2019.


Organização Mundial da Saúde (2014). Prevenção e eliminação de abusos, desrespeito e maus-tratos durante o parto em instituições de saúde.








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